A 27ª sessão da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) Conferência das Partes (COP), foi realizada no início de novembro deste ano em Sharm El Sheikh, no Egito. A COP 27 é o um dos eventos mais importantes para tratar o tema das mudanças climáticas. A Conferência une líderes mundiais para firmar compromissos, metas e acordos para a redução da emissão de gases do efeito estufa.
Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!A conferência representa uma oportunidade para que os países africanos transmitam sua principal mensagem: são as nações mais pobres que sofrem as consequências de mudanças climáticas, apesar de sua contribuição limitada para as emissões globais. Todos os eventos catastróficos que aconteceram no mundo nos últimos anos é consequência do aquecimento global: as inundações no Paquistão este ano tiveram mais de 1.000 mortes registradas; as ondas de calor afetaram a América Latina e a Índia, que enfrentou uma das maiores secas já registradas no país, e acabou com diversas plantações, sem contar as ilhas que estão desaparecendo aos poucos com aumento do nível dos oceanos. Para os especialistas da área não há dúvidas de que a ação do homem, com os grandes índices de emissão de gases que provocam o efeito estufa, está ligado às transformações do clima.
A Cúpula do Clima, como é chamado o corpo de dirigentes que compõe a convenção, terminou com acordos fundamentais para o controle do aquecimento global, mas também contou com alguns obstáculos não resolvidos de convenções passadas.
Foram dias intensos de negociação para chegar a um acordo sobre a criação de um recurso financeiro para compensar os países mais pobres por “perdas e danos” causados pelas mudanças climáticas induzidas, visto que tradicionalmente, os países do G20 têm emitido a maior parte dos gases que causam o efeito estufa, agravando a crise do clima no planeta. O efeito de todo excesso de emissão de gases tóxicos na atmosfera, impacta diretamente os países em desenvolvimento que não possuem recursos suficientes para arcar com as consequências negativas que surgem com a mudança do clima.
São consequências severas que incluem incêndios nas matas, o aumento do nível dos mares, prolongadas ondas de calor, poluição dos oceanos, espécies em extinção e etc. A lista é grande e os países do continente africano são os mais impactados: “Eles teriam que gastar cinco vezes mais para se adaptar à crise climática do que investem em cuidados com a saúde. Os países do G20, enquanto isso, representam cerca de 75% das emissões de gases que causam o efeito estufa. Já o Paquistão registrou 30 bilhões de dólares em prejuízos em cheias graves. A nação asiática gera menos de 1% das emissões globais.”
Segundo o que indica o Relatório Lacuna de Adaptação 2022, são necessários 30 bilhões de dólares por ano até 2030 para as demandas de perdas e danos sofridas pelos países mais pobres. Esse valor será instrumento para Proteção Social, Contingencia Financeira, Seguro Contra Risco de Catástrofe, oferecendo pagamentos imediatos para enfrentamento de crises e acidentes naturais.
Brasil na COP 27
A importância da floresta amazônica foi um dos grandes temas do Brasil durante a COP27. O aumento exponencial do desmatamento representa uma grave ameaça para as florestas da bacia amazônica e também para o cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil no combate às mudanças climáticas, afetando a economia e o planeta.
Um painel mediado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), com a participação de governadores de estados da região amazônica, debateu justamente as estratégias para o financiamento internacional no combate às mudanças climáticas na floresta. Seu objetivo principal foi mostrar ao mundo a importância do combate ao desmatamento e apresentar as iniciativas que visam o desenvolvimento da região, ligado à preservação de seus recursos e comunidades.
Outra ação apresentada foi o AdaptaBrasil, um sistema de informações e análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas. Criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), para integrar dados de risco em relação às mudanças climáticas, fornecendo insumos para que as autoridades habilitadas tomem suas medidas de adaptação. Com cobertura nacional, ele compila informações dos municípios brasileiros, permitindo que seus gestores urbanos monitorem cenários nos cinco setores estratégicos que o sistema destaca: Recursos Hídricos; Segurança Alimentar; Segurança Energética; Saúde e Infraestrutura Portuária.
A plataforma permite também o engajamento da sociedade civil e a orientação de investimentos a setores públicos e privados. Para empresas, está disponível a inclusão de seus inventários no Sistema de Registro Nacional de Emissões (SIRENE), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que é a mais importante referência de informações oficiais do Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa e outros dados, como os cenários de baixo carbono.